Seis anos após abrir o seu primeiro quiosque, a rede especializada em “sanduíche de sorvete” Toutsie redesenhou seu modelo de negócio para voltar a crescer. No último ano, a marca fechou unidades, deixou o formato de monoproduto de lado, trouxe um rosto conhecido para o quadro societário e ampliou o espaço físico para promover experiências. Com isso, a meta é faturar R$ 20 milhões neste ano, mais do que o dobro do ano passado.
A marca nasceu em 2017 a partir de inspirações que o casal de dentistas Rodrigo Silva e Fernanda Quintanilha teve em viagens. Os dois resolveram misturar macarron e sorvete em sanduíches doces que permitiam combinações de sabores, cores e texturas — os itens são fabricados na sede da marca, no Rio de Janeiro, e distribuídos para as lojas.
A Toutsie chegou a ter 15 quiosques, entre próprios e franqueados. Quintanilha conta que alguns foram sendo fechados ao longo da crise sanitária, por motivos diversos, de saúde dos franqueados a razões financeiras. “Só o delivery não sustentava um aluguel caro em shopping center”, diz.
Com o fim da crise, o casal se deu conta de que o formato desenhado para oferecer conveniência em um mundo pré-pandemia não era mais conveniente. O diagnóstico era que a praticidade oferecida pela marca não criava nenhum elo com o consumidor.
A marca passou a fazer pesquisas com os próprios consumidores ao longo de 2022, além de buscar referências para ajudar a ajustar a rota do negócio. Foi nessa fase que o modelo de loja começou a ser testado. No ano passado, a Toutsie participou do reality show Shark Tank e ganhou um novo sócio, o ator e empresário Felipe Titto, CEO da holding Tittanium Inc., que aportou R$ 1 milhão e ajudou o casal de empreendedores a acelerar o redesenho da marca. "A escolha foi estratégica. Além de entrar como sócio, ele nos ajuda a divulgar, virou o rosto da marca", diz Quintanilha.
Além de ampliar o espaço do ponto de venda, permitindo que o consumidor escolha o recheio do “sanduíche”, em mais de 2,6 mil combinações possíveis, a marca aumentou o portfólio, deixando de ser monoproduto. As franquias se tornaram cafeterias, com opções de bebidas quentes e frias, e outros itens comestíveis como salgados e doces, como os donuts tipicamente americanos. O ambiente também "serve" espaços instagramáveis para entreter o visitante.
“Com as mudanças, tivemos uma mudança grande no nosso tíquete médio, passando de R$ 18,90 para R$ 39, o cliente passou a experimentar mais sabores de sanduíche, porque fica na loja mais tempo, e a consumir itens adicionais. O delivery também passou a ser melhor trabalhado nas lojas, porque tem mais espaço”, diz Quintanilha.
No ano passado, a rede faturou R$ 9 milhões — em 2022, a receita bruta tinha sido R$ 6 milhões. De acordo com a empreendedora, a loja funciona com três funcionários, mesmo número necessário no quiosque. Dessa forma, não há alteração significativa nos custos operacionais.
Com base nesse aprendizado, a marca renovou o portfólio de pontos, aposentando o quiosque e apresentando o contêiner e a loja física. Atualmente são seis lojas em operação e 12 contratos fechados para implantação nos próximos meses. Da primeira leva de expansão, sobraram dois quiosques em funcionamento.
A meta é fechar o ano com 30 pontos de venda. Também há o plano de abrir uma flagship em São Paulo no segundo semestre. Para 2025, com a previsão de dobrar o número de unidades, a expectativa é superar a marca de R$ 50 milhões.
O investimento inicial para abrir uma loja de 30 metros quadrados é de R$ 220 mil. O contêiner, que opera em um espaço de 12 metros quadrados, custa em torno de R$ 210 mil, pois acompanha a estrutura. Os planos de expansão incluem um avanço nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste
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